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Perhaps não são ervilhas!

Se tudo na vida fosse perfeito não havia talvez. E perhaps eram ervilhas...

A noite!

por António, em 20.02.15

Dizem que a noite é a melhor conselheira. Por entre mágoas lá nos vai repetindo conselhos que não estão em mais lado senão em nós mesmos. Mas insiste sempre em pensar no pior lado de cada resposta a uma qualquer dúvida que nos atormenta. Talvez não seja tão boa conselheira. Lá companhia pode ser, não há melhor ouvinte que o silêncio da noite. Não há melhor calmante que a brisa da escuridão. Talvez seja só um estado depressivo, mas gosto demasiado do carinho que a noite me dá sem pedir nada em troca. Gosto demasiado da calma que me transmite. Gosto demasiado da quietude com que me abraça. Mas não gosto dos conselhos que me dá! Talvez não consiga ser tudo. Talvez precise das pessoas. Não sei.

Tirem mel!!!

por António, em 29.03.14

Não gosto nada de relações "melosas", aquele tipo de namoros em que as pessoas perdem os nomes e em substituição ganham alcunhas, geralmente com terminações diminutivas. É "girafinha", "pipoquinha", "princesa", "princípe", "bonequinha", entre uma barbaridade de outros nomes. 

Não estou a dizer que chamar um nome fofo de vez em quando seja mau, mas sempre que se falam? Por favor! Não precisamos de andar na rua e ouvir a "pirosice" (não estou certo que esta palavra exista) de casais a conversar numa linguagem no mínimo infantil. Ou pior, não é preciso que se ouçam telefonemas nesse mesmo tom. 

Já cheguei a assistir a homens com aquela pose superior, a perderem todo o sentido assim que abriram a boca para atender o telefone. Guardem para a intimidade esse tipo de conversas.

As pessoas tem nome e não o perdem por estar numa relação. Não é por chamar nomes "queridos" que se ama mais a outra pessoa. Percebam que não transparecem a imagem de um casal unido e amoroso, mas sim o de um namoro de miúdos, de pitalhice. Sentir a necessidade de ser chamado de uma alcunha amorosa é necessidade de atenção e uma relação não é uma desculpa para não estar sozinho. Tirem mel a isso! Por favor...

Déjà vu...

por António, em 18.02.14

Todos os dias volto o vazio olhar para a janela que ilumina a minha manhã, os raios de luz penetram lenta e dolorosamente o meu cérebro, e ouço. Começo a ouvir as gotas de chuva a tilintar nos vidros da minha janela, som que me acorda para a decadência de mais um dia. Subtraindo-me ao estado onde os sonhos, por alguma razão biológica, não tem cor atira-me para a imensidão de mais um dia cinzento.

Para lá da fina camada transparente que me separa do mundo, as pessoas movimentam-se como pequenos peões como se tudo não passasse de um enorme tabuleiro de mesa. Movidas à mercê um uma mão invisível enfrentam a dura rotina diária munidas de um contagiante sorriso. Parecem felizes. Invejo-lhes por isso a capacidade de camuflar toda a mágoa reprimida e os sonhos desfeitos atrás de um tão simples e inocente gesto.

Consigo sorrir então, não por mim mas por quem mais forte do que eu consegue devolver a cor a tão tenebroso dia, por quem aceita o diário desfazendo-se de ilusões.

Mas o sorriso é efémero e a revolta chega em força. Começa então a saudade. Saudade dos tempos em que nada nos podia vencer, saudade dos tempos em que se podia sonhar, ter ilusões de grandeza, saudade dos dias preenchidos de risos sinceros. Apenas saudade.

Pois, saudade, que por ser palavra só à língua portuguesa pertence, que por ser sentimento, tão bem me define.

Tudo que é banal e cliché num dia...

por António, em 14.02.14

O "amor" já é tão banal que está marcado no calendário. Assim todos podem dizer que hoje é dia de amar e fazer algo romântico com a outra pessoa, é dia de oferecer flores, chocolates e ursinhos de peluche (ou baratas). É nada mais que o único dia para amar, é o dia em que as surpresas não são surpresa porque já se está à espera, é o dia dos namorados, dos clichés. Do banal. 

Se é para amar, que seja todos os dias, ontem, hoje, amanhã. Um gesto bonito hoje não mascara todos os que ficaram por fazer nos outros 364 dias do ano. E já agora, amanhã é dia 15, celebrem também o amor.

To do list...

por António, em 12.02.14

Todos nós temos, ou deveriamos ter, objetivos delineados, embora também reconheça que a maior parte do tempo se envolvam numa preguiça tal que se torna díficil conseguir ir avante com eles. Mas, mais vle ter algum do que nenhum, pelo menos é o que eu penso. Eis a lista que escrevi, não tem própriamente um tempo limite, mas quanto mais rápido conseguir, mais rápido escrevo outra (sintam-se à vontade para contribuir!). E já agora, podem partilhar as vossas to do lists!

 

1. Conseguir um emprego na área (sendo no jornalismo melhor!). 

2. Voltar a praticar um desporto.

3. Começar e levar adiante uma dieta!

4. Ter um carro.

5. Escrever um livro.

6. Escrever e defender a minha tese (com boa nota!).

7. As luvas do Oblak (se autografadas melhor!).

8. Andar de avião.

9. Fazer uma tatuagem.

10. Ir a todos (ou ao maior número possivel) de festivais de verão num ano.

Amar não é real...

por António, em 08.02.14

Como se pode sentir algo tão forte que não tem por si uma definição? Como se pode dizer que se ama alguém quando ninguém saber o que é amar? A minha definição de amar pode ser - e é - diferente de outros. Cada um sabe então o que é amar à sua maneira. Se eu amo de uma forma e a pessoa que me ama o faz de forma diferente, amar não pode então ser real, tem de ser então apenas uma ideia nossa, um conceito diferente.

"Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém, É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa" (Fernando Pessoa, O Livro do desassossego)

 

Talvez o amor seja apenas uma ilusão. Certamente não é aquilo que se vê. Amar tem de ser mais do que isso, tem de ser perfeito, tem de ser tão forte que apenas e para sempre o sentimento nos preencha sem necessidade de mais.

Amar é uma forma de loucura, e de certa forma eu sempre fui louco!

É uma forma de prostituição...a social!

por António, em 05.02.14

 (imagem retirada aqui)

O facebook fez (ou faz) 10 anos. Começou com uma ideia de adolescentes com as hormonas em desentendimento e tornou-se numa das empresas mais lucrativas do mundo, sendo que o seu fundador possui uma fortuna estimada em mais de 19 mil milhões de dolares (nem ele deve saber quantos zeros isso tem). Já em utilizadores serão mais de mil milhões, e maioritariamente mulheres entre os 25 e os 34 anos quem o usa - já eu faço parte da exceção, já que sou homem e estou abaixo dos 25 anos -, em Portugal somos à volta de 4,7 millhões, quase 50% do total da população e 77% daqueles que possuem ligação à internet. 

Dez anos passados, alguns estudos indicam que há quem já esteja a abandonar a rede social mais "povoada" do mundo e há ainda quem defenda que o facebook terá mesmo os dias contados. Ainda assim, e por experiência pessoal, vejo cada vez gente mais nova - crianças com menos dos 13 anos necessários - a inscrever-se na rede e sem qualquer controlo com o que publicam, mas isso são outras histórias.

Uma decada depois está toda a gente muito preocupada e atenciosa com aquilo que o facebook é e representa. Mas o que somos nós? O que fez de nós o facebook? 

A rede social cativou-nos de tal forma que afundou todos os outros concorrentes e aumentou ainda mais a nossa sede por reconhecimento, tornamo-nos uma espécie de "prostitutos sociais", vendemos as nossas fotos, pensamentos e ideias por gostos e partilhas e todo esse conceito transcende às demais redes, onde aquilo que der nós vamos mostrar e partilhar a troco de um gosto, um comentário, um novo seguidor. 

O facebook deu-nos uma segunda vida, onde nós sendo a mesma pessoa podemos ser outra. Eu tenho quase 1000 amigos no facebook e não os tenho na vida real (pelo menos não os vejo tanto quanto na tela do meu computador). Mas estes amigos são descartáveis, a qualquer momento posso passar a ter 100 amigos, 10 amigos, 1 amigo, mas a quem interessa isso? 1000 amigos dá certamente mais gostos que 100 amigos. Todos queremos mais reconhecimento e visibilidade, todos queremos a oportunidade de fazer algo diferente do que fazemos na rua e assim a nossa "segunda vida" é, muitas vezes mais importante que a primeira. Por isso, vive-se cada vez mais dentro da rede. E não só do facebook falo, até porque ao escrever este post tenho a expectativa que alguém vai ler, que alguém vai comentar, que alguém vai gostar e partilhar. Tenho expectativa que me traga algum seguidor novo. Mas também quem trabalha quer reconhecimento, e não sendo isto um trabalho quero à mesma. É vender o meu pensamento a troco de leitores mas com o mesmo dinheiro nos bolsos. É ser eu mesmo mas diferente, já que eu só tenho uma forma e através desta leitura cada um imagina-me à sua maneira, mas acabam por me conhecer um pouco melhor de quem conhece apenas a minha forma. É uma forma de prostituição, uma prostituição social!

Algures por aí alguém escreveu e eu concordo: "criei um facebook porque não fazia nada. Hoje não faço nada, porque criei um facebook".