Não somos todos macacos...
Durante o jogo do principal escalão do futebol espanhol onde o Villareal recebeu o Barcelona uma banana foi atirada para o campo. Banana que o brasileiro Daniel Alves recolheu, descascou e comeu. Nas redes sociais o compatriota e também jogador dos "blaugrana", Neymar, impulsionou o movimento a que chamou #somostodosmacacos, que contou com milhares de publicações a incluirem a hashtag.
Ora esta iniciativa não foi assim tão espontânea como se fez acreditar. Já em março um adepto terá atirado para dentro de campo o mesmo fruto ao que Neymar, questionado sobre o assunto terá dito que se visse a banana a comeria. Segundo a revista Veja, as declarações iluminaram os criativos de uma agência de publicidade que preparou toda a artimanha desde o atirar do fruto até ao movimento #somostodosmacacos.
Seria uma extraordinária resposta se tivesse sido um movimento espontâneo, se tudo isto fosse inocente. Mas raramente há inocência nestas coisas, mais quando inclui nomes que figuram entre os mais sonantes do panorama desportivo mundial. É tudo criado com sentido de dar nas vistas e aumentar a reputação deste ou daquele jogador associado sempre a uma equipa. E quando há nomes que sugerem demasiados milhões dificilmente há inocência envolvida.
O caso do racismo no desporto é demasiado grande para que uma destas campanhas possa demover tais atos. A questão do racismo, e não me refiro apenas à cor da pele, deve ser combatida dentro do próprio desporto. A boca de um adepto não magoa metade do que magoa a boca de um companheiro de profissão. Primeiro imponham-se regras de punição exemplar para quem pratica atos racistas, deixem que os desportistas se sintam seguros com a certeza de que não serão insultados dentro do seu recinto de trabalho, depois pensem em campanhas para os adeptos. Enquanto que, por exemplo, houver pressão para que os jogadores homossexuais não revelem a sua orientação sexual para bem da própria imagem e da imagem do clube, não se pode pedir aos adeptos que sejam pessoas melhores!
Podem acusar-me de tudo menos de racismo, mas neste caso não. Não somos todos macacos!