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Perhaps não são ervilhas!

Se tudo na vida fosse perfeito não havia talvez. E perhaps eram ervilhas...

Falta de pudor!

por António, em 07.07.14

Li hoje a crónica de Ferreira Fernandes no Diário de Notícias.

 

Um pequeno texto acerca do pudor, ou da falta dele, que de certa forma traduz o dia a dia do jornalismo actual! A vil busca por audiências que leva ao mais profundo desrespeito pela profissão. Não há neste contexto lugar para a vida privada de alguém, tudo é usado por se tratar do mais alto interesse do leitor. Escusado será relembrar que o interesse desse mesmo leitor é criado pelo tipo de informação que a comunicação social transmite e esta opta essencialmente por veicular emoção e não informação. As capas, os títulos, tudo é pensado ao pormenor para vender mais e mais. Vende-se com a morte, com a dor, o sofrimento, não há amigos neste meio, não há camaradagem. O jornalismo já não é jornalismo, tornou-se um monopólio que se alimenta da emoção do leitor. Uma espécie de pornografia!

 

Já só interessa vender...

por António, em 24.04.14

  

É este o rosto da edição desta quinta-feira de dois dos diários com maior tiragem do país, muito provavelmente serão até os jornais mais vendidos neste dia, mas isso não quer dizer que sejam exemplo de da boa prática jornalística. Aliás reservo-me no direito de nem sequer considerar isto como jornalismo!

No dia 4 de maio de 1993 aprovou-se, em assembleia geral do Sindicato de Jornalistas, o Código Deontológico do Jornalista. Um pequeno documento com apenas 10 pontos de orientação para se fazer jornalismo, é um documento que em todas as escolas onde se ensina jornalismo é mencionado e estudado, é um documento que não gasta mais do que 5 minutos a ler e perceber o básico. Ainda assim, e mesmo sendo um dos mais curtos do mundo, é desrespeitado diariamente. 

Estas duas capas são o exemplo mais recente do que é nunca se ter lido o código que regula a boa prática jornalística, já que conseguem contrariar os dois primeiros pontos desse mesmo código: 

1- O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.

2- O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.

1- É notória em ambas as capas a falta de rigor, exatidão e honestidade com que os factos são abordados. Não existem provas concretas de que o acontecimento se tenha desenrolado tal como o título indica e todas as partes garantem estar à espera da investigação policial. Os factos são muito mais simples e diretos.

2- O jornalista ao contrário de combater o sensacionalismo está, neste caso, a promovê-lo. Falta ainda gravemente ao profissionalismo por escrever algo para o qual não tem provas.

Apesar deste código se referir especificamente ao jornalista, não se pode considerar que a culpa seja inteiramente do mesmo, já que as decisões editoriais partem da direção. São aqueles que pagam os ordenados que decidem o que deve ou não sair no jornal do dia seguinte. São na sua génese pessoas que na sua formação contam com falta de escrúpulos e visão limitada. E que manipulam a seu bel-prazer os jornalistas convencendo-os de que tem de se sentir agradecidos pela oportunidade de trabalhar na área.

Há muito tempo que só existem grandes grupos de média cujo único propósito é lutar desesperadamente por uma maior audiência deixando de parte a questão de informar o cidadão. E quem regula isto? A ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social - que de Entidade tem o nome, de Regulação menos ainda e na Comunicação Social não se metem!

Mural da Liberdade...

por António, em 13.04.14

A SIC encontrou, na minha perspectiva, uma forma diferente de mostrar a liberdade dos nossos dias. Ao longo do mês de Abril, e a cada sábado, passam as histórias de oito pessoas (duas por semana), que contam várias formas de se ser livre 40 anos depois do 25 de Abril de '74. 

Daniel Cardoso é poliamoroso, ou seja, mantém relações consentidas com várias companheiras. A sua concepção de família é diferente do que é considerado tradicional, mas no entanto não considera a sua "constelação familiar" muito diferente do casamento, apenas implica mais do que duas pessoas. 

Na realidade a monogamia não é um compromisso maior do que a poligamia, muito menos uma maior prova de amor. A liberdade conquistou-se para que todos sejam livres de fazer as suas escolhas, de viver aquilo que nos faz felizes. A liberdade é ter o direito de conquistar a igualdade na diferença. Sejamos então iguais, livres e diferentes sempre com a consciência de que muitos lutaram, foram torturados e morreram pela liberdade, pela democracia. Afinal sem democracia e liberdade nenhum de nós estava aqui a escrever...

Resquícios de uma aula de história...

por António, em 04.04.14

A revista Time interessou-se por fazer uma reportagem sobre Portugal, mais concretamente sobre quem na altura estava aos comandos do país, António de Oliveira Salazar. Ora, como bom português e dotado de um egocentrismo que o acompanhou até ao útlimo dos seus dias, Salazar acreditava plenamente que a revista reconheceria o seu regime como um exemplo para o mundo e acedeu à realização da reportagem. Já a Time teve uma visão diferente do regime Salazarista e deu destaque de capa ao ditador português:

"Salazar de Portugal, o decano dos ditadores"

Por outras palavras, Salazar era o mais antigo ditador da Europa. Escusado será dizer que a revista foi proíbida em Portugal. E pronto foi isto que retive em três horas de aula, ainda assim pouca gente sabe da existência desta capa. 

Ua Ua Uê Ua Uê

por António, em 18.03.14

Ao que parece a vencedora do festival da canção (Suzy - Quero ser tua (como a lua é do luar)) motivou uma onda de indignação nas redes sociais, tudo porque venceu a edição do presente anos do festival da canção. Sucedem-se as acusações de "vergonha nacional", multiplicam-se páginas de "eu quero que este ou aquele represente Portugl na Eurovisão", especula-se que esta música "não reflete o panorama musical ou cultural português". 

Permitam-me discordar.

Tanto o estilo da música como a própria letra refletem todo o panorama musical, cultural e mental português. Para começar, se foi a canção que ganhou é porque houve uma maioria de pessoas a votar na Suzy. Depois, a Suzy são apenas 3 minutos das 5 ou 6 horas de audiência ao domingo nos três principais canais de televisão, e não vejo tanta gente indignada com esses programas. Pode também falar-se nos programas da manhã de segunda a sexta e ao sábado de tarde, ainda assim menos músicais. Não é por se indignarem tanto que vão anular o concurso, até porque muitos dos indignados nem sabia que estava a decorrer o festival da canção, preferindo seguir as novelas da TVI ou SIC, mas apercebendo-se do sucedido quiseram manifestar-se contra (o que não deixa de ser típico). A música da Suzy contém uma (grande) quantidade de erros propositados, como também não deixa de ser comum nas músicas portuguesas dizer-se as maiores barbaridades criando-se letras sem sentido lógico, mas desde qua rime está tudo bem (deixo sobre este ponto um bom esmiuçar da letra).

Finalizando (e aviso antes de mais que eu não gosto da música, nem votei no festival da canção) esta música foi a escolha mais acertada para se levar em representação das cores nacionais à Europa. É isto que se produz em Portugal, é isto que vende em Portugal, é isto que se quer ouvir em Portugal. Então qual é (agora) a grande indignação? 
Fado já não se ouve, Rock está muito pesado ou velho, RAP/Hip Hop é dos marginais. O pimba continua a mostar Portugal. O único estilo que assentava melhor seria musica brasileira que é o que passa com mais frequência nas discotecas, mas não se pode limitar a força de uma música cujo principal argumento é "Ua Ua Uê Ua Uê"...

 

 

Algo vai mal...

por António, em 13.03.14

É revoltante chegar a Coimbra e ver como as pessoas olham de lado um grupo de praxe. Os caloiros não estavam mais do que a divertir-se na companhia de doutores, havia risos e corridas. E as pessoas que esperava na paragem pela "carreira" olhavam de lado e teciam comentários. É suposto que Coimbra seja onde nasceu a praxe, é mais do que comum grupos de trajados, caloiros a cantar, noites de praxe, mas por alguma razão já deixou de ser normal praxar e ser praxado. As pessoas que viam divertidas a praxe agora marcam presença para combater este flagelo, porque o que há um ano era divertido hoje é humilhação, se há um ano os trauseuntes incentivavam hoje pedem misericórdia pelos pobres caloiros que estão ali a ser humilhados enquanto se estão a rir. Até esse riso deve ser obrigatório. Contra mim escrevo, mas algo vai mal quando as pessoas dizem o que a comunicação social diz, as pessoas mergulharam numa ignorância tal que não conseguem formalizar uma opinião própria, só o que se diz na televisão é que conta, o que sai nos jornais é a única verdade. Se toda a comunicação social der uma notícia falsa toda a população a considera verdadeira e absorve a opinião dos média (que já não sabem o que é isenção). É este o retrato de uma sociedade cada vez mais hipócrita e com graves problemas de anorexia mental.