Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Perhaps não são ervilhas!

Se tudo na vida fosse perfeito não havia talvez. E perhaps eram ervilhas...

É uma forma de prostituição...a social!

por António, em 05.02.14

 (imagem retirada aqui)

O facebook fez (ou faz) 10 anos. Começou com uma ideia de adolescentes com as hormonas em desentendimento e tornou-se numa das empresas mais lucrativas do mundo, sendo que o seu fundador possui uma fortuna estimada em mais de 19 mil milhões de dolares (nem ele deve saber quantos zeros isso tem). Já em utilizadores serão mais de mil milhões, e maioritariamente mulheres entre os 25 e os 34 anos quem o usa - já eu faço parte da exceção, já que sou homem e estou abaixo dos 25 anos -, em Portugal somos à volta de 4,7 millhões, quase 50% do total da população e 77% daqueles que possuem ligação à internet. 

Dez anos passados, alguns estudos indicam que há quem já esteja a abandonar a rede social mais "povoada" do mundo e há ainda quem defenda que o facebook terá mesmo os dias contados. Ainda assim, e por experiência pessoal, vejo cada vez gente mais nova - crianças com menos dos 13 anos necessários - a inscrever-se na rede e sem qualquer controlo com o que publicam, mas isso são outras histórias.

Uma decada depois está toda a gente muito preocupada e atenciosa com aquilo que o facebook é e representa. Mas o que somos nós? O que fez de nós o facebook? 

A rede social cativou-nos de tal forma que afundou todos os outros concorrentes e aumentou ainda mais a nossa sede por reconhecimento, tornamo-nos uma espécie de "prostitutos sociais", vendemos as nossas fotos, pensamentos e ideias por gostos e partilhas e todo esse conceito transcende às demais redes, onde aquilo que der nós vamos mostrar e partilhar a troco de um gosto, um comentário, um novo seguidor. 

O facebook deu-nos uma segunda vida, onde nós sendo a mesma pessoa podemos ser outra. Eu tenho quase 1000 amigos no facebook e não os tenho na vida real (pelo menos não os vejo tanto quanto na tela do meu computador). Mas estes amigos são descartáveis, a qualquer momento posso passar a ter 100 amigos, 10 amigos, 1 amigo, mas a quem interessa isso? 1000 amigos dá certamente mais gostos que 100 amigos. Todos queremos mais reconhecimento e visibilidade, todos queremos a oportunidade de fazer algo diferente do que fazemos na rua e assim a nossa "segunda vida" é, muitas vezes mais importante que a primeira. Por isso, vive-se cada vez mais dentro da rede. E não só do facebook falo, até porque ao escrever este post tenho a expectativa que alguém vai ler, que alguém vai comentar, que alguém vai gostar e partilhar. Tenho expectativa que me traga algum seguidor novo. Mas também quem trabalha quer reconhecimento, e não sendo isto um trabalho quero à mesma. É vender o meu pensamento a troco de leitores mas com o mesmo dinheiro nos bolsos. É ser eu mesmo mas diferente, já que eu só tenho uma forma e através desta leitura cada um imagina-me à sua maneira, mas acabam por me conhecer um pouco melhor de quem conhece apenas a minha forma. É uma forma de prostituição, uma prostituição social!

Algures por aí alguém escreveu e eu concordo: "criei um facebook porque não fazia nada. Hoje não faço nada, porque criei um facebook". 

9 comentários

Comentar post