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Perhaps não são ervilhas!

Se tudo na vida fosse perfeito não havia talvez. E perhaps eram ervilhas...

Dez anos volvidos...

por António, em 26.01.14

No dia 25 de Janeiro em que eu tinha 13 anos o Benfica jogou em Guimarães. 

Na altura não tinha internet, televisão só sinal aberto e na sala, a minha mãe queria ver a novela (livre-se aquele que tentar interromper tão sagrado momento). Fui então para o meu quarto, deitei-me na cama, mesmo por baixo do quadro que ostenta o glorioso simbolo do SLB, liguei o rádio - já sintonizado no canal onde se relatava o futebol - e dediquei toda a atenção a roer as unhas.

Lembro-me que gostava do treinador do Benfica, o Camacho, podiamos ser Campeões nesse ano! No banco contrário sentava-se Jorge Jesus, mas esse não interessava, não era da minha equipa! 

O jogo era de nervos, o Benfica não marcava golos e eu já não tinha mais unhas para roer. Não havia posição de conforto para mim. O quarto era já pequeno para tão grande carga nervosa que me assolava. E então, aos 90 minutos Fernando Aguiar marcou. O Benfica marcou! Não me contive e gritei o golo, mas consegui conter um "caralho" de raiva, não fosse a minha mãe mandar-me confessar ou pior...desligar-me o rádio.

O momento seguinte foi das imagens mais tristes que guardo. Fehér. Miki Fehér caiu inanimado no relvado, o relatador não conseguia perceber o que se passava, estava incrédulo com o que via. Percebi que era realmente algo de grave quando ouvi algo sobre o Tiago cair de joelhos no relvado a chorar. Os médicos tentavam reanimar o jogador que teimava em não acordar, havia problemas com a entrada da ambulância no relvado e, sem o menor sinal de fraqueza as minhas lagrimas escorriam face abaixo. 

O jogo terminou, mas para a equipa e para os milhões de benfiquistas começava um pior, jogo esse em que fomos duramente derrotados, arriscaria até a falar em goleada. Pelo menos para mim custou mais do que qualquer derrota em campo.

Fiquei colado à televisão até ao anúncio que mais temia: a morte de Fehér. Instintivamente peguei numa faixa negra e coloquei em forma de cachecol por cima do quadro, não é que fosse alterar alguma coisa. Foi apenas a minha homenagem. Foi a minha forma de dizer "adeus". De dizer "obrigado".

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